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terça-feira, março 20, 2012

Faltam Médicos para Cirurgias Bariátricas!!


A espera pela cirurgia bariátrica varia de três meses a um ano

A cada ano, as cirurgias bariátricas (de redução de estômago) alcançam mais brasileiros. Apenas em 2010 foram 60 mil no país, um crescimento de 275% desde 2003. O número impressiona, mas a classe médica e o Ministério da Saúde ainda o consideram baixo. Estima-se que há pelo menos dois milhões de obesos mórbidos no país e muitos deles demoram a ter acesso ao procedimento que melhoraria sua saúde por falta de médicos para operar. Por se tratar de uma área relativamente nova da medicina, ainda são poucos os estudantes interessados na especialização. Além disso, também faltam professores. Tanto que os mais conceituados especialistas em cirurgia bariátrica estão se unindo para ministrar cursos complementares. Hoje, a espera pela cirurgia varia de três meses a um ano. Mesmo assim, ainda é melhor do que no passado, quando muitos obesos mórbidos morriam na fila. O Ministério da Saúde reconhece que há necessidade de ampliação da formação de médicos especialistas e a falta deles pode provocar filas de pacientes. Mas diz que tenta reverter o quadro desenvolvendo ações educacionais em parceria com o Ministério da Educação para formar especialistas.

MUDANÇA DE HÁBITO/ Outro entrave da cirurgia é a necessidade de o candidato submeter-se, antes do procedimento, a uma equipe multidisciplinar que inclui endocrinologista, nutricionista, psicólogos e professores de educação física para se reeducar. Muitos convênios ainda exigem que, para operar, o paciente emagreça entre cinco e dez por cento do peso atual. Como todo o obeso é guloso e gosta de comer o que não é saudável, a mudança de hábito torna-se difícil e muito lenta se não houver força de vontade e persistência.
O presidente da SBCB (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica), Ricardo Cohen, afirma que os argumentos dos convênios para tentar barrar as cirurgias costumam ser a falta de médicos e equipamentos, o que encareceria demais os procedimentos. “Mas não há falta de equipamentos, toda a tecnologia para cirurgia bariátrica já é amplamente dominada no país. Em relação ao número de profissionais, realmente há carência”, diz.
Até 2011, uma das brigas com os convênios era a liberação da cirurgia por videolaparoscopia, que é menos invasiva, mas também tem um custo maior. Enquanto a aberta varia de R$ 5 a R$ 15 mil, a por vídeo pode chegar a R$ 25 mil. Contudo, desde 1 de janeiro, quando entrou em vigor a determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar que tornou o procedimento obrigatório, os obesos ganharam uma esperança a mais. (Reinaldo Chaves, Agência BOM DIA)

‘Se soubesse que a minha vida seria tão boa teria feito antes’
O analista financeiro Marcos Antônio de Oliveira, de 39 anos, afirma que ganhou vida nova após submeter-se à cirurgia bariátrica, há um ano e três meses. “Além do preconceito social e dos problemas de saúde que acompanham a maioria das pessoas obesas, eu me sentia muito mal porque precisava de ajuda até para amarrar o tênis”, conta.
Marcos, que também é diretor da escola de samba Unidos do Peruche, não conseguia atravessar a Passarela do Samba sem se cansar. Na época, tocava surdo na bateria. E só no Carnaval deste ano que ele percebeu o mal que o excesso de peso fazia. Além de sambar e cantar durante os 60 minutos de apresentação da agremiação, chegou inteiro à dispersão, pronto para fazer tudo de novo. Hoje Marcos pesa 96 quilos e veste manequim 50. Mas antes da cirurgia ele, que mede 1,76 m, estava com 145 quilos e usava roupas número 58, geralmente feitas sob medida. “Recentemente cheguei a vestir camiseta M”, comemora. “Se soubesse que minha qualidade de vida ficaria tão boa teria feito a operação antes. Até o meu desempenho sexual melhorou”, diz ele, que esperou três meses para operar por videolaparoscopia.

Já o técnico em eletrônica Nalber Ferreira, de 37 anos, precisou recorrer à Justiça para fazer a cirurgia por vídeo porque o seu convênio não autorizava o procedimento. Mesmo assim, teve de ir às últimas instâncias.

Nalber tinha hipertensão, esofagite, triglicérides alterado e colesterol alto. Pesava 124 quilos, distribuídos por 1,87 m de altura. Ele operou em 15 de fevereiro e já emagreceu 17,5 quilos.

Opinião
João Luiz Azevedo, 
Professor livre docente do departamento de cirurgia da Unifesp

Empurrão para um novo começo
Esse grande aumento das cirurgias bariátricas no país na última década é extremamente saudável. A obesidade mórbida é, sim, uma doença que pode matar. Todo o obeso mórbido tem síndrome metabólica, lípidios extremamente elevados, problemas nas artérias, diabetes do tipo 2, entre outras complicações. Depois que a cirurgia é feita, o indivíduo consegue melhorar sua alimentação, deixa de tomar insulina, melhora sua autoestima e qualidade de vida. Os critérios éticos e técnicos da classe médica brasileira para a realização da cirurgia bariátrica são rígidos. As pessoas que não têm obesidade mórbida só podem fazer a cirurgia quando possuem doenças sérias associadas à obesidade em menores níveis. Além disso, é feita uma avaliação psicológica no paciente. Só pessoas psicologicamente estáveis são operadas. Não tenho conhecimento de que a cirurgia seja feita só para fins estéticos. Só profissionais antiéticos fariam isso.

Vale também alertar que mesmo quem faz a cirurgia precisa de um estilo de vida saudável. A redução de peso é enorme, mas como qualquer pessoa esses pacientes precisam também de exercícios e dieta balanceada para manter a saúde. A cirurgia é um grande empurrão inicial para uma nova vida saudável.

Pacientes dizem que vale a pena operar
Pacientes submetidos ao procedimento, mesmo pelo método aberto, são unânimes em afirmar que vale a pena fazer a cirurgia. Além da perda em torno de 35% do peso, há melhora imediata da saúde. O índice de eficácia da operação está em torno de 85%. Segundo médicos, entre seis meses e um ano após o procedimento o peso se estabiliza e o paciente tem vida normal. Só volta a engordar quem quiser.

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Dr. Glauco da Costa Alvarez

Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica