Pesquisa da Universidade de Monash, na Austrália, realizada com auxílio de colaboradores dos Estados Unidos, pode explicar mais um mecanismo que faz com que as pessoas se tornem obesas. O estudo identificou uma nova proteína que inibe o hormônio leptina no cérebro, um dos fatores que contribuem para a progressão da obesidade mórbida. O estudo foi publicado nesta sexta-feira no periódico americano Cell Metabolism, e é uma importante contribuição para o desenvolvimento de novos tratamentos da doença.
A leptina faz com que o corpo aumente o gasto de energia e diminua o consumo de alimentos. “A resposta do corpo à leptina diminui em pessoas obesas ou com sobrepeso, como se elas se tornassem resistentes ao hormônio”, explica Tony Tiganis, principal autor da pesquisa e professor do Instituto de Obesidade e Diabetes da Universidade de Monash.
Antes de o grupo identificar uma nova proteína inibidora de leptina no cérebro, duas outras já eram conhecidas. Testes em camundongos revelaram que essa terceira proteína se tornou mais abundante com o ganho de peso, aumentando a resistência à leptina e apressando a progressão da obesidade mórbida. É como se fosse um círculo vicioso: à medida que a pessoa fica obesa, a resistência à leptina torma o proceso de perder peso mais difícil. O estudo também mostrou que esses três reguladores negativos do hormônio produzem efeitos em diferentes estágios, dado que pode ser fundamental para o desenvolvimento de novos remédios.
“Drogas que visam um desses reguladores negativos já são conhecidas em testes clínicos para diabetes tipo 2. Porém, nossa pesquisa mostra que, em termos de sensibilidade à leptina em obesos, focar em apenas uma dessas proteínas não é o suficiente. Todos os três reguladores devem ser desligados”, explica Tiganis.
O estudo ainda mostrou que o ganho de peso foi amplamente evitado em camundongos geneticamente modificados que tiveram dois dos reguladores negativos eliminados do cérebro. A partir daí, os pesquisadores passarão a realizar outros testes para determinar o que acontece quando as três proteínas são neutralizadas, e descobrir se isso é o suficiente para evitar a progressão da obesidade.
“Simplesmente dizer às pessoas para comerem menos e se exercitarem mais não será o suficiente para reverter essa tendência à obesidade. Há uma necessidade de desenvolvermos novas drogas que auxiliem na escolha da melhor dieta e exercícios físicos, para que todos esses fatores previnam e tratem juntos essa doença”, diz Tiganis.
Obesidade – Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um a cada dez adultos e 170 milhões de crianças no mundo são obesos. A OMS estima que obesidade e sobrepeso são a quinta maior causa de morte mundial: pelo menos 2,8 milhões de adultos morrem a cada ano em decorrência desse problema. De acordo com dados do IBGE, 48% da população brasileira tem sobrepeso e 15% sofre de obesidade.
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